MANHÃ URBANA |
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Escrito por Administrator |
Quinta, 12 Abril 2018 19:16 |
“Em Miró, uma nódoa de mosca na tela pode ser o início de um amanhecer”. Manoel de Barros Derrama-se última taça do vinho longo da madrugada manhã desaba sol doura esfinge dos edifícios incêndios colossais inundam avenidas desnudas abre-se alba mecânica ruidosamente pássaros municipais esvoaçam frias flores de cimento bicam rasgam-se véus de aço da noite selvagem despertam-se lentas fontes do urbano e do abismo músculo da cidade distende-se lança tentáculos sobre homens toque da manhã brusca acorda mortos habitantes do apartamento cidadãos automáticos escapolem das tramas do tédio caem nas teias do cotidiano: amanhece. |