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Qui, Abr

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Quando regressei do meu sétimo poema

(o violino ébrio do verbo agudo ainda)

quando atravessei o labirinto de palavras

(encravado no palácio da página)

ouvindo cânticos apocalípticos

em busca do caracol nu de teu olhar

de atentas estrelas impregnado

(que lágrima lava

e lava de sal recobre)

estanquei ante ressoante

jorro de abelhas

ante porta estreita de rima

e seus gonzos celestes estanquei

ante rapidez dos promontórios de abril

 

 

Jarro de luz oxidada soou como lamento

azul (voz mineral de pedra ressoou)

pétreo eco arrancou-me o tímpano

palavra voo pousou no meu rosto

delírio aconchegou-se na página

com o nome amontoando-se

o trâmite do poema abriu-se em copas

(a espada de Dâmocles titubeou)

cravou-se-me no peito pássaro de pedra

teu olhar de sol e arco de umbral

me fuzilou de pétalas e fugas

lamento enlouquecido de um violão

me veio com a palavra fogo

ao sal de sílabas e abelhas.

 

Murilo Gun

 
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