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Qua, Abr

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À desolada lua cão uiva em vão

a nua voz do cão dá-me volúpia

concede-me esta canção viva (uivo cão) delícias curvas

a meu parco espírito e baldio

meu canto pela rua deserta derrama-se

(despreza-o lua do cão)

aliciando gatos sob céu vagaroso

de outubro.

 

Juventude possuiu-me por alguns poucos

desvairados segundos

o desvario não durou (porque sempre

fui mais velho que a alma).

 

À volúpia elevei muros, represei-me, fugi.

 

Lábios de sede nunca deveriam morrer.

O cio é a mor riqueza das humanidades.

 

Cio animal vital.

 

À beira da aparentes águas

(ou boca náufraga)

não há salvação para lábios.

 

Fervorosa saliva incendeia.

 

De inesgotáveis insônias é feito o amor.

 

Febre é tudo o que desejo

a febre do desejo aplacado

com aviltadas rações de volúpia.

 

A devorados lábios atendam

com o fervor da seiva apressada.

 

Da lascívia manhã derramem

mácula noturna dos licores

na alma vital.

 

Murilo Gun

 
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