À desolada lua cão uiva em vão
a nua voz do cão dá-me volúpia
concede-me esta canção viva (uivo cão) delícias curvas
a meu parco espírito e baldio
meu canto pela rua deserta derrama-se
(despreza-o lua do cão)
aliciando gatos sob céu vagaroso
de outubro.
Juventude possuiu-me por alguns poucos
desvairados segundos
o desvario não durou (porque sempre
fui mais velho que a alma).
À volúpia elevei muros, represei-me, fugi.
Lábios de sede nunca deveriam morrer.
O cio é a mor riqueza das humanidades.
Cio animal vital.
À beira da aparentes águas
(ou boca náufraga)
não há salvação para lábios.
Fervorosa saliva incendeia.
De inesgotáveis insônias é feito o amor.
Febre é tudo o que desejo
a febre do desejo aplacado
com aviltadas rações de volúpia.
A devorados lábios atendam
com o fervor da seiva apressada.
Da lascívia manhã derramem
mácula noturna dos licores
na alma vital.