Que corre no grande rio estranho
senão caudalosas lágrimas (ou crocodilo louco)
hoste de sal que assalte salmos, urros de sáurio ou paurido
últimos ladridos das ladainhas de barro sustenido
líquido eco de hino arcaico, o oco
fundo de um coração de pecado (atravancado)?
Que corre no leito desse rio de dor
(por que suas águas de lágrimas se armam?)
Senão líquido de salvífio delírio o poreja
em busca do mar da penitnencia mor?
Que se recolhe dele que não sal, vício, desamor
e grito oblongo, sofrimento de ser?
Que resta deste delta da história
da dor do mundo senão a sina náufraga
do povo da ribeira do Eufrates forte
como o foram as civilizações
tributárias desses tumulto lírico de água e limo?
Presa de aços fundo de saudade em vão
e de marasmo do ser que fluteir do lodo?
Que reverberam das ribeiras de gritos e pedra
se não penúria e aborto, além de correntes de ferro líquido
ou brasileiras de loucura acantonadas de ferro líquido
e cubos de temor instintivo e atávico
dos mastros do tempo inconsciente desatados
atados a timões desesperados (e sem rumos)
a busca de cais propícios a âncoras lerdas
do férreo delírio de água possuída?
Se não nações rastejando a vãs sinas de egos
Procurando covas ou desmorados tugúrios
Pecadores em busca das cinzas do paraíso
(e redenção fictícia)?
Fogo votivo da urna do lacrado templo
guardam-no virgens romanas afáveis ou lunares
Portas de Januo escancaradas
ira solta, luz agonizando (résteas leprosas ou felizes)
bélicos cães dilacerando campinas e corações
a lavra da morte, o fruto naufrago, foice certeira
hemisfério acantonados (como abustre atentos)
nos cones negros cólera
das terras devastadas de janeiro
(sem fevereiro e março ou carmim outubro)
cinzas das quartas-feiras de abismo branco
heranças espolidas pelo vórtice belicoso
dissídios cegos, esperanças estupradas
espólios destroçados, agônicos dias sem ventre
cardíaco tempo, hora da morte anunciada
em cada veia, rosto, máscara
penates abastardando lares
espírito arrasado por demônios cívicos.
A lugar seguro nenhum vou
de que a viagem é quando (terminal do ser
estação de Rimbaud, fauno de Mallarmé)
e onde é a que chego (última
parada do sangue, via facebook à veia).
Concorde pomo interrogo.
Pergunto por mim (ainda sou?)
Naipe e diáspora, pleito e ultimato
ou apenas luz que náusea exale?
Zero, esquerdo, palavra inominada de desânimo
da vida anônima do homem?
E as estrelas por que estão lá?
Apressadas no céu sem dúvida
espetadas por Deus.
E o ermo que me tanto espera está
não tão distante, talvez, talvez longe ainda
abaixo ou acima, concha
inútil e casta, morte
sempre presente (atenta?) esfera sem limite
sombra do id, baunilha de dor (adiada
para os quandos insabidos e irrecusáveis)
colmeia de treva, desamor.
Ninguém é meu nome
sou da longa linhagem do nada
incompleto pária, touro castrado
épura sonolenta, vitral de soslaio
cacos de cores, celofane amordaçada
gravura de cromo, cinéreo instante
sombra poluta, adiada dor vital.
Nasci para ser ímpar ou dúbio
e vou embora logo para quando
(assim que o futuro terminar).
Onde é o lugar que habito desde ontem
é assim que volto ao passado de ser
(recuperando as carnes desperdiçadas, talvez)
ou apenas completar o desser.
Meu tempo é sempre trânsito
mero pretérito imperfeito atravessado fui
futuro é nunca
sou ultrapassado pois (porque)
meu nome é Ninguém.
a Séssilu e Uéssido
irmãos amigo de Ninguém.