Tonéis de tristeza derramando-se
sobre olhos minerais atiçados da sede da visão
e corroídos do rumor bursátil da tenda citadina
onde impera memória de leilões lascivos
em que hímens íntegros alcançavam
auge da cotações senis
preços mais graves e dourados
lances rígidos ou crédulos
do viril oásis da vaidade
ou da bolsa mundana dos prazeres humanos
gotejam lascas do tempo por entre botijas de léguas rasteiras
sombras angulosas assomam
a pátios sonolentos e agrários
e acordes cercam sono do verbo
hipocraticamente juro pela bíblia da verdade ir às mazelas do mundo
ao lado da sibilas, grifos, hipogrifos e balelas
diodo da manhã ecoa como chumbo em fuga
cobre da tarde enterra-se no meio-dia e um selo
de uivo e lua estampa-se no corpo apocalíptico da noite
onde bronzes dormem sob peso dos sulfetos da sombra
ante torrentes de caudalosos relâmpagos a luz
erótica se erege e herética estiola amantes
ante seu pedestral postam-se púbis egrégios escandidos pelo orvalho
e pelo sêmen dos recênviros percorrido
biombo de gueixas abalroa grata paisagem
elas deixam seus unguentos em nossos rostos ávidos
da graxa de seus gozos nipônicos e imperecíveis
taciturna madrugada esculpe alcovas de madrepérolas súbitas
pratica vultos, sonega brilhos abruptos, quebra orquídeas brancas
(lua leitosa abre seu úbere calmo sobre
coração aberto de algum homem
e via crucis do sangue devassa
mundo sagrado das coisas)
sensação de musgo alitera sulfúrico forno da avenida
cor de âmbito oral apunhala arbusto, demole meio-dia e garça
tudo insurge-se contra o que ressurge, o arbeisto vela o espírito
lágrimas de gusa assaltam abelhas, lances de búzios suspendem ocasos
e Deus emociona-se com o caos criador
Sua lágrima acende coivaras turvas, despedaça alvoradas, ira despede.
Contra a graça do homem (falha)..