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Dom, Ago

destaques
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Sempre é maio quando morro

No braço cruel de abris me socorro

Maria vem nua em junho

Em julho foi meu 2º aborto

De agosto guardo uma ou duas lágrimas de Getúlio

- de um mesmo olho colhidas – e na memória

Partida

A marca de um tiro no peito do calendário

E em setembro as primaveras se enforcam

Em outubro Inês é morta, novembro não tem porta

(perdoem a rima casual!)

Dezembro soa a sino, assassino ou retórico eco

Enche de ladainha sonoras a soleira das casas

Nele grassa um bimbalhar que assusta

E a neve artificial se acumula nas entradas da ilusão

Percorrida por renas automotivas e trenós a diesel

Cães de papiro, lobos vespertinos e temporais vespas

Que assediam o andarilho.

 

Murilo Gun

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