03
Dom, Ago

destaques
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Ela vinha com músicas do meio-dia

nos soltos cabelos

 

Sinfonia de carícias velava

ventre de pelos em levante

 

Olhos raros se nutriam

das poças de íris do crepúsculo

 

Melodias de colibris ela trazia

nos lábios bêbados de jasmins

 

Torso de maçã o rosto

matizes de pássaro o olhar

 

Seios dedos embeveciam

pele pálido luar lambia

 

no pálpebra bailavam eternidades

carne ao tempo enloquecia

 

no púbis ladravam desejos velozes

ânsia de ser acontecia

 

volúpias à lua ela ensinava

que baldia vogava e sonâmbula

 

sobre frias praças de alguma noite

que tristes prostitutas disputavam.

 

Sentei-me sob grave macieira

onde o alfa

onde o ômega

começo onde o fio cessa

fim que o princípio prenuncia

 

e comecei a tecer desafios

tramar novas ariadnes

penélopes perpétuas fiar

 

abandonei ao meio a meada

ao ovo do início fui

 

nenhum poema tem fim

poucos sabem começá-lo.

  

Mancebo de libação

em bodas com demo crata

sátrapa de velhas portas

e tapetes persas

lábrego topázio desacata

soberba cortesã sobeja

e no coração da praça armênia corteja

o aleatório da palavra poema.

 

 

 

 

Murilo Gun

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