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Dom, Jun

destaques
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Não se inventam cicatrizes

assim expressa o poema. 

Afeição é só o modo em que me digno.

  

Resista a poema que não se explique

por si mesmo inteiramente.

Não adira a poemas desconfortáveis

de ademanes grotescos ou áridos demais

poesia que escape das prateleiras

ou das espécies poéticas vigentes

é suspeita e descanonizada

portanto. Não leia VCA nem em ônibus

VCA é muito ecumênico e pouco poético.

Para o gosto de todos. Coitado!

  

Conheço efebo pela pálpebra meio cônica.

 

Duvidoso do sexo ainda todos andam.

 

Panelas caladas, a ira política desaba.

 

É preciso obscurar o verbo vendido

e fatiado no mercado como bife de palavra.

 

Amordace a mordaça e veja a palavra.

 

Amordace a cega mordaça do grito pando

e veja a palavra no silêncio úmido.

 

Todo o pecúlio do meu silêncio

ofereço ao subúrbio.

 

À beira do silêncio o precipício do grito

mais fundo e mais claro.

 

Em alguma velha palavra estará a alma

quando o corpo fugir da parada.

 

Mágica oblíqua palavra poética.

 

É do prurido que verbo se prova.

 

Reparto entre memórias mortas

palavras ausentes.

 

Silêncio é uma palavra apenas.

 

Vim da infância como de um inferno.

 

Na página retumba a palavra pólvora.

 

À luz férrea não claudicante

de velhos alfarrábios aprendi

a ser vital à poesia.

A Cláudio Corrêa de Araújo, devo.

 

Vou ao futuro de mim rever o passado.

 

De estilhaços nus a luz.

 

À rasura e a uma cópia de cupins

devo a poesia.

 

A vida se faz abismo diário.

 

 

 

Murilo Gun

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