Tudo é desapego e verbo.
Poeta aprende a auscultar
como geólogo filosófico
o vário solo da alma.
Amar é não estar nunca
entre o presente e o passado.
Das entranhas do lixo
hospitalar ou não
abundam inocentes placentas.
Fraturar o sentido exposto
como a um fêmur
e sentir o rumor
da incompreensão vívido.
A incompreensão humana
ainda salvará nosso tempo.
(Absoluto contributo da poesia)
Leitor que busque ingênua facilidade
perde a nutrição do complexo
que alimenta o cérebro.
A facilidade textual (discursiva ou não)
cansa, adormece, encolhe a cuca
que enlouquece e perpetra
haraquiri neuronal.
Poesia qual
lumes emprestados a estrelas.
Faça uma ladainha atonal
a Schöenberg ao anoitecer dos olhos.