Sobre terra viçam
laranjas e cavalos
e lábios das mulheres pulsam
como falos úmidos
Sobre terra viçam
laranjas e cavalos
e lábios das mulheres pulsam
como falos úmidos
não é poeta, falo de V., o de único-conto que morreu ontem
e de seu oco-cântico, do seu canto estreito via
pela qual lhe lançou o mundo bastas ilusões perdidas
crenças assimétricas, visões rebuscadas em uísques baratos
Olho o copo de vodka e sigo o caminho do lábio
ávido linhas afora inumerável e uno, vital
e sempre desrumo em frente.
Ao meu filho MURILO GUN
Lembro o tato, a consistência áspera e úmida, torta
de estrelas coaguladas (feitio de teu olhar antigo)
Gusanos nos acreditam frutas
açougues, renúncias.
Por que choram anjos?
Dos úberes da noite, bebo prodigiosa vertigem
Sugo vertiginoso ego e anulo. Vou
a nus recônditos de mim, à luz do verbo noturno, sigo cego ou não.
às amigas do Facebook
Alguém tem meus cílios leprosos
alguém truncou minhas pálpebras velozes
dinamitou o futuro, destroçou cofres, desencatou caixas
Até ao longe azul voo.
À umbilical altura vou. Sem que
nenhuma claridade me capture o espírito curvo.
A edição princeps de minha obra incompleta
não saiu do prelo, ficou presa, imprensada
na moenda tinta. Prelos se desentenderam
Poemas em que esgrimam ambíguos leitores
prélios insensatos de alfanges ermos
nus de que poetas constroem catástrofes