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Qui, Abr

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Serventia de estátua: wc de pombos e abrigo de lodo iodado, construído úmido. Além de parecer pouco com o estatuído.

Serve também para logo esquecer alguma possível façanha do melancólico e solitário esculpido (e condecorado com fezes de pássaro), cujo rosto (?) já é esfingético, porque não dura dois ventos e uma tempestade de rosas, além do jorro de relvas de vidro.

 

Toda (e qualquer que seja) estátua mostra de frente (além da traseira do homem) como somos fugazes (animais, de frágil e volúvel sentimento). Empedrados o nome e o cenho (franzido e fingido)... e só. E as devocionárias? Quantos deuses, de que o escopro aprimorou o rosto e o cinzel músculos e sulcos delineou no corpo de mármor ferrenho?

A alma escavada na pedra (ou escandida no próprio granito) grotesca e inocentemente, pela mão trêmula do escultor passageiro.

Quantos deuses tão honrados e venerados em absoluto não morreram, sumiram, encantaram-se para que artistas temerários os eternizassem quase divinamente? Quanto da bíblia e dos homens do prélio da crença michelângelo realizou, expôs, decifrou?

Só na velha (e veneranda) Grécia (de que Marx destacou – contra suas ideias de transformas, o eterno valor da arte grega) ocorreu o genocídio de deuses eternos (deicídios de titãs, olímpicos, heróis velozes, artistas invencíveis) e d.............. eteceteras.

Sob o terror ou o temor da reverência divas estátuas foram esburacadas pelas horas; apodreceram nos vãos da história. Que bárbaros

Revividos no terror islâmico idiotamente reproduzem.

A começar pela Esfinge (misteriosa anciã de pedra e nariz derruído). Dela, disse Thomas Mann: junto ao deserto líbio, próximo de Mênfis (quase porto da eternidade, diria VCA), erigia-se, esculpido em rocha plana, marinha, o colosso de 53 metros de altura, o híbrido par de leão e virgem, fera com peitos de mulher e garras gigantescas de felino estendidas, e nariz roído pelos ratos intangíveis do tempo. Ou ratazanas do implacável vento, completo eu, a contemplar o sonho deserto.

Tutmés IV, o poderoso Touro que submeteu o alto e o baixo Nilo,  ordenou desenterrar a velha Esfinge (que as areias do tempo devoraram), inumada no pó deserto. 1.500 anos antes, Quéops, da 4ª dinastia, construiu a grande pirâmide para ser majestoso e indestrutível (e formoso) sepulcro e oferecer sacrifícios ou majestade jà esfinge de cascalho marinho arruinada.

Esta crônica  bendita (ou mal)diz da história (ou trajetória) humana e concerne aos tempos áureos da humanidade (hoje tão desumana), em que pontificaram faraós, deuses, imperadores, artistas, dramaturgos inalcançáveis.

De quem magnatas (falidos e ávidos de usura) não seguem sequer o deserto rastro.

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Murilo Gun

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