Não há o que dizer ou escutar
Vagam pelo olhar
sombras honestas.
Não há o que dizer ou escutar
Vagam pelo olhar
sombras honestas.
O âmbito dessa vida tão surdo
torna-nos nulos. Abrigados da intempérie
perecemos, a alma exausta retira-se
Todo poema lança na lauda
flores amortalhadas
além das rosas de círio da alma.
Amontoado coração brilha
como palavras acantonadas
no íntimo devasso da amada
A um anjo de barro peço areia guarida
a largo inferno caminho de casa
à forma do pão desvarios de trigo
Os lábios espessos do outono
perdem o viço
acrisolam o corpo
Enxames de sal
dos olhos coagulados
em revoada
Teu mármore imaturo
tornou-se areia branca, lorca
Valham-me nesgas, frinchas, grotas gruas
Esta posta a noite
sobre florão dos edifícios
pássaro do verbo pousado
Mãos sepultas como portos
entre mares de porcas pérolas
ânsias afagando-se