Gemido de estrela, o big bang da terra,
ecoa sobre uma mesa
a mesa da solidão dos sem-terra.
Canto de que promane o tanka
Gemido de estrela, o big bang da terra,
ecoa sobre uma mesa
a mesa da solidão dos sem-terra.
Canto de que promane o tanka
Lua fria, ctônica, campestre
de pedra interplanetária, irmã esma
lasca de terra, seixo que rola, rocha flutuante
barro redondo que me roía a alma (levante do desejo)
1
Néctar atento
árduo sumo
audaz matiz
Cítara abstrata
empilha pedras
óbices arranja
acorda o caos
(ou o que quer o poeta)
O poeta quer decepar a foice, ser
Orfeu novo, ter mão de deus que guie a pena
ao alvo divo do verbo, que lide com mênades de pedra
A corça e sua sombra
de ágata branca.
Imenso vômito
de claridade embebe
Do páramo donde me despeço da tarde
avisto todo o ocaso, suas nostalgias
e trêmulas cores debulham como milhos
cones vermelhos no céu distante irresistível colho
A palavra quer viver
sempre livre (em puro mênstruo de ser fruto divino)
fora dos dicionários, presa dos sentidos claros
dentro do poema, solta, alvo da metáfora
Já luz prolixo ocaso
dorme o páramo montanhoso sono
pesadelo do prado para
maçãs já sonham
Poemas através da noite
(Sinfonia verbal para partituras de sal)
Eis anoitecer difícil
que fogo dos anjos exalta