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Dom, Abr

destaques
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Ser ou não ser bit

eis a salvação.

O transmissor ( da absoluta doença sem vacina)

é o poeta (intransigente com a palavra)

o receptor ( aparente) o leitor

 

e o mundo bebe da página sua verdade.

Com o leite no curral da manhã).

 

Quantas sílabas têm

Os suspícios das sílabas?

 

Náusea minha irmã(na vida e no túmulo

da verdade ida ou beleza corrupta)

esposo o enjôo

bilis convidada

o despojo a cidade

o poema a cloaca.

 

Apareceram a Sartre

após árdua noitada (sem Simone ou iangue)

regida por vasta vodka

e deu Fratelle Vita

no interior ávido do Tony’s drink

duas putas que se a Sartre não pariram

devoraram o francês sem chicletes.

 

O vômito é meu irmão, veio

de um lance de goles

(que nada abole e que trago

comigo na bolsa do colete, a bordo).

 

Resisti até que a cimitarra morreu

( e dentre os erros me levantei)

e  pálida taça pendeu

de minha mão sem punho.

 

Dos bordados e almofadas da alma

restaram lascas da lâmina curva

e sigam  lume maribundo

que iluminou a desgraça.

 

Narizes   Já não resistem

a aromas cremosos

e odores de mortandade

e a cheiros podres que te rodeiam

(  leitam  inútil) porque têm medo

temem as narinas da     lauda  absoluta.

 

E a raiz da luz elasteceu o sol no céu

a sombra alastrou-se no lombo silêncio

imergiu no rol das fendas do sangue

 

o grito preso na garganta da manhã

pela fímbría da tarde escapou

em busca do clamor noturno

 

que jaz no silêncio de pedra do poema

que floresce sobre cinza

que fenece como pássaro de jaula.

 

Na lauda dos olhos luz finca-se definitiva

assola o seio da terra a pausa

  lua baça jaz na calçada.

 

Faisca rebelde ou distraída

que escapou do regaço

de um relâmpago do acaso

 

(que rasgou o peito do firmamento

e adelgaçado caiu como um raio).

 

Ficou na página aberta

um jorro de pedra.

 

Murilo Gun

 
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