Fazei de mim noite para que tochas uivem
à sombra dos óbolos úmidos de velhas salivas
e o ofício dos incêndios surja como frágua
à viva sombra do lume dínamo durma, sono de víscera (e vice a usina VCA)
fazei de mim noite para que antorchas acesas
venham a meu silo, asilo, aprisco, redil
ou badil de sol selvagem imerso na escuridão original
para que poema saia da sombra da página
útero branco infecundo, traje de bramante e brocado de luz.
Fazei de mim fogo para que prosperem incinerações
para que levas de lavas calcinem ossos e rostos
(e a vértebras dos sáurios escalde olhar ígneo)
além de calcinar sol e dúvidas escatológicas noturnas extirpar.
Fazei de mim cinzas para que eu cubra minha terra (e rosto torpe)
e, à sombra da dor de ter sido humano, eu
ressurja do heroico e salvífico escombro de ser humano.