03
Dom, Ago

destaques
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Fazei de mim noite para que tochas uivem

à sombra dos óbolos úmidos de velhas salivas

e o ofício dos incêndios surja como frágua

à viva sombra do lume dínamo durma, sono de víscera (e vice a usina VCA)

fazei de mim noite para que antorchas acesas

venham a meu silo, asilo, aprisco, redil

ou badil de sol selvagem imerso na escuridão original

para que poema saia da sombra da página

útero branco infecundo, traje de bramante e brocado de luz.

Fazei de mim fogo para que prosperem incinerações

para que levas de lavas calcinem ossos e rostos

(e a vértebras dos sáurios escalde olhar ígneo)

além de calcinar sol e dúvidas escatológicas noturnas extirpar.

Fazei de mim cinzas para que eu cubra minha terra (e rosto torpe)

e, à sombra da dor de ter sido humano, eu

ressurja do heroico e salvífico escombro de ser humano.

Murilo Gun

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