Ribeira mordida de pássaros, córrego amordaçado a cânticos de rosas
arredores dourados de cobiça e orvalho
cálices de pez arrancados do inferno rápido
silenciosas águas de abutre e codorniz
voando entre gotas de luz e pólvora
neblina azul que brota do verbo de carbono
cinza incinerada de estrelas pálidas
réstias de sal invadindo sombras
da basílica das narinas humo
das orações escorre
do torrão natal ainda rico e vasto
madeixas alegres e noturnas dependuradas.
Todo o fulgor da cinza
toda a noite derramando-se em catadupas
de teus cabelos negreiros.
Colina do Magano, 31-10-2017
{jcomments on}