02
Sáb, Ago

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Era uma vez uma geometria bêbeda 
que vagava sinuosamente entre gráficos 
e pedregulhos de sílabas da palavra simetria 
atravessava ângulos esquerdos sem avisar 


detestava vísceras e número primo
frequentemente desacatava triângulos 
em especial isósceles íntimo de Aristóteles 
pupilo de Pitágoras.
Sempre se melindrava quando 
retângulos a olhavam 
não suportava aritméticas sóbrias 
nem losângulos obesos a geometria bêbada. 

Gostava quando ébria de caminhar em paralelas 
porque sabia que assim alcançaria o infinito.

Um dia a geometria embriagada 
deu um tropeção numa hipérbole 
e caiu num círculo (não concêntrico, vicioso).
Custou a encontrar uma tangente 
e voltar ao paralelepípedo
de onde veio. 

O poema vai às estrelas
se o poeta parar de sonhar.

Com medidas de som
e aritméticas do verbo.

As ondas cósmicas desaguam
no pensamento humano. 

Segundo a lógica gravitacional 
jamais voaríamos.

Conforme a do soneto
quatorze muralhas nos derrotam.

O mundo mental é rebelde 
a medidas, regras, parâmetros e paramentos.

Os campos da força lírica
não os domam normas estáticas.

Murilo Gun

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