(ou o que quer o poeta)
O poeta quer decepar a foice, ser
Orfeu novo, ter mão de deus que guie a pena
ao alvo divo do verbo, que lide com mênades de pedra
ter em si um deus que redija o acaso
e olhos para contemplar o ocaso feliz e a mônada azul
barulhentos tímpanos para apanhar o estrépito das coisas
agarrar o ferro das coisas como bactérias hábeis
e beber de um só longo gole o estrídulo
da epifania dos objetos triunfantes e esmagados
rumor subjetivo que repercuta pelos vales ínvios da vida escura
de eco em eco do verbo grito vindo
dos ouvidos dos rochedos adormecidos do mundo.
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