Cláudio Véras
Vital Corrêa de Araújo é rigoroso em sua poética que vela e admira o irracional. Este se opõe e sobresta a razão comercial de hoje, vai de encontro ao saudável e aplaudido racionalismo que encanta o mundo desenvolvido e emocional de banqueiros a médios empresários.
A razão triunfou. Por que poetas inda teimam com poemas sem sentido desprovidos de emoção ou sentimento, próprio da poesia tipo sorriso da sociedade estabelecida? Poesia é coisa de ócio não remunerado para leituras entediadas... e marginais.
VCA também detém estilo inconfundível embasado e demostrado em seus vinte poemários, obra que o converteu em não-referência obrigatória entre os poetas ilustres brasileiros.
VCA detesta livro breve, destes que nem ficam em pé. 90% das coletâneas não chegam a 80 páginas. Os de vital passam de 150. Anacronismo? Ou atentado ao hábito digital?
Ao contrariar a razão mercantil prostituída, opondo-lhe o irracionalismo sagrado que move o inconsciente a suas últimas consequências. Ao refugiar-se na lógica dialética, VCA despreza a lógica ordinária, dominadora, estabelecida, como se para sempre. A logística que leva leitor à certeza da compreensão (irretocável).
VCA leva a palavra poética ao horizonte do apogeu, a sua mais alta condição potencial conotativa capaz de expressar o inexpresso ainda. Dizer o que ainda não disseram as palavras.
A palavra vital é uma religião. Deus é poema. E a luz que dele advém ilumina o mundo e a sombra do homem. Vital dá sentido ao caos da palavra, enfim.