DO 12º andar náufrago do Bleu de France
visito com olhos assombrados
peixes voadores e a meio da onda
de 2 metros olho gaivota repousando
aquietada ao embalo undívago
não a perder de vista o navio.
Na proa do 13º andar avisto o local
onde aportam âncoras e máquinas vedado
e diviso descuidada gaivota pausada
bem no timbre da vanguarda da nave.
Hipnótico olho – a alma em lamento marítimo
a folha da água que o sol acolhe com brilho
e o fluxo do vento e a nostalgia azul.
Poeta, pergunto: a contemplar o horizonte de água
que sinto do ser humano, tão baixo?
Se apenas ruínas urbanas me esperam
quando a terra avistar-me
e o porto engolir-me?
Que sobrará do meu rosto marítimo então?
O vazio me espera depois do mar.