Um crepúsculo meio imáculo
pendurado numa a tarde cansada
de dentro do poema noturno.
Então o olhar nipônico me acendeu.
Cinzas de tristezas brancas.
Ourives do verso lavorado restam muitos.
Às formas da palavra que me imaginem.
Ao titã de Idaho.
Ezra máximo.
É bom passar o poema pela imaginação
antes de pô-lo a papel.
Arte mutável da palavra poesia.
Cada poema é novo... e novidade.
A arte da palavra tende a ser consciente dela mesma.
Forma do ritmo. E do tempo.
É preciso continuar a ler Pound
para a poesia não morrer.
À perda inconsolável do tempo.
Rima de mármore engessa
e, se quebra o verso, rompe o nariz do poeta.
Há solidão sem o verbo.
Tales a olhar estrelas do céu de Mileto
caiu num poço e quebrou a pança.
Homens cansados na noite impotente
a buscar estrelas descalças.
Multidões sonâmbulas e sozinhas
sem poesia vagam como espectros
sem a alma da palavra
ou verbo a seguir.
Homens expulsos das calçadas
longe das estrelas de pijamas
envelhecidos de olhos menstruados.
Nada ilude o galope.
O poema transporta o sentido para si, egoicamente.
Outro mar absoluto
e a onda da palavra
e a rebeldia do verbo.
O caos une, agrupa, integra, compõe
o caos nu veste o rumo do homem.
(de Aporias azuis e outras)
Hino profano, uivo sonâmbulo
profundo grito vindo da pele
antena do eu desmontada pelo outro
ouro espaço pânico, reino vândalo.
Rebanho de nuvem arrodeando o céu
soa a lua entre bois de estrelas.
Pelas estradas do cosmo se alonga
matilha de brilho.