Olho o copo de vodka e sigo o caminho do lábio
ávido linhas afora inumerável e uno, vital
e sempre desrumo em frente.
Me aviça o texto escuro, que é vivo:
pleno, aberto, como RIlke o sabia.
E me disse na iniciação poética do
livro das horas. Irrevogáveis.
A noite não é a morte
a morte é o dia e começa na manhã
seguinte e dúbia. A noite
cuja luz é suficiente à alma anima.
E derrama os mistérios todos
da bacia da página (que não morre).
Sem solidão, não há poesia
porque a solitária noite ensina
seus ouros e nortes, seus orientes cinzentos
e errâncias límpidas, que é o caminho
da poesia.