Observo o torso das minúcias
seus ângulos mais obtusos e escorreitos
as anáguas de seus dados mínimos
preservo sua tênues exatidões.
Procede a deinquisições irreais
quando me inclino ao olvido ou
ao minucioso declive da tarde
dedico alguma geometria
remanescida da solução do poema
de sua álgebra incorruptível.
De branco fino labirinto de sal disponho.
Assim inicio a busca do verbo perdido
e o acasalar de substantivos com
inomináveis adjetivos rebeldes
através de laboriosa pátina
lançada sobre minúcias mecânicas.
Antes de tudo, para o bem do poema, sempre
meça a temperatura do inferno
à meia-noite do verbo.
Algo sobre a duração dos anjos
(se obesos e idosos, com cãs ruivas ou não)
o sabor de sons intestinos gráceis
a lisura de suas aves atômicas
de urânio protendido
a lacuna de seus discursos castos
o prazo de validade célica
a cética crença no futuro
o humor da providência
bem como questões cruciais
como a inexistência do espaço
estendido em lençóis mofados
mas confortáveis.
Inclusive, anote algo sobre a questão
de que exista a existência.