Coo manicômio encomiástico no monastério noturno.
Aos céus atiço fogo cego, lâmpadas de credo, veloz uivo de voz.
Colho estrelas com gesto de olhar em concha.
Duvido que o dever seja infinito abrigo
(o que de mim resto do interstício do mais finito)
o contrário do que digo desfaço, reajo
ao fim a que me dirijo com meio que me liberte.
Com gestos ágeis ou límpidos e ruivos olhares ajo
rijo assumo pódio ereto, muralha erijo e rejo
contra eu mim sinto-me eu mesmo lúbrico
(intenso como se de mim fugisse o rosto).
Ao avesso com que me esmiúço dívidas urdo.
Dissídios edifico, alicerço óbices, rumo-me inteiro
a teus pés esplendorosos, caminhos do rosto perdido
ato-me a teus braços trânsfugos, redijo
ultraje no contra-disco da vida-máquina sinto
trauma sifilítico, dom vazio, nadas dourados redondos
sei que filósofo senhas nunca desenha, penso
tornar-se retilíneo, o espírito auto-atormenta-se
o sal da morte ri, urge, ergue
bandeiras brancas desatinas
que álgebras alberga sonhos exímios, quimeras exatas
que álgebra as lassas curvas do infinito assusta
e safiras do tempo transmuta em bismutos?
Índiga blusa vasta-me plectro ubíquo
álgebra adiposa madrugada esculpa
com olhar de cálculo escuro, ábaco e desalento unos
e deixe perpassar equações renanas às tulhas
ou teses urinárias tedescas aos molhes
das límpidas ruínas de mim axiomas prosperem
entre cinzas velhas de fêniques ou sarças
já úmidas, frágeis, apodentradas colho-me o olho
à noite interposto, ao idílio dos vermes lançado
vencido por tantas vidas difíceis (superpostas
e emulando como ações da bolsa estagnada do aborto)
e por touros sem nome, lavrado de verbo
combalido, adjetivo, unto-me
de teus unguentos íntimos, clamorosos, ávidos, substantivos
e suicido
já não serve maquinar-se mundos
com palavras cruas, cereal estéril
maquiagem burla
iluminar-me de sombra e muro.