(às sílabas cruentas das sibilas)
(O Poeta se confessa)
Vivo no limiar do absoluto obstinado impuro
sinto (muito) sua respiração áspera extrema
( não intranscendente ainda )
palavra é alma (e do composto do corpo alínea)
sopro corpo de sílabas
rumos cevam corações
(neles uivam dores passadas).
Vivo o continente conturbado de mim mesmo
(o mim mesmo é como o eu de outro, o nós).
Fuga sonho infinito.
Do átrio metafísico do coração fulge
asa de anjo, habita desejo longo
depaupera-se a pureza
inocência esvai-se
aspereza impera, vige o incontido
ira célere reina, espelho tudo
num átimo de olhar
na página de um poema.
De treva em treva cheguei
ao auge da angústia
apalpei o abandono
ao cume da grande treva fui
do imo do âmago e do alto negro abisso
a dor do mundo diviso
e novos precipícios
(em cada parágrafo ou abismo
dos desalmados gramáticos
que infertilizam a poesia).