02
Sáb, Ago

destaques
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    Após os sessenta, seivas se iluminam 

hormônios erguem muralhas contra o desencanto 

entranhas tornam-se fluentes

 

rios de anelos adivinham novas volúpias 

sedes  adormecidas acordam 

saltam da alma para firme corpo 

por tantos gozos e dores extremado. 

 

Luz dos olhos filtram penumbras 

abre paraísos perdidos édens proibidos 

que só anos descortinam

 

e impolutas mãos maculam 

com gestos carnívoros originais 

espírito e carne dos homens. 

 

Vísceras ficam insolentes 

púber mais grato e faminto 

fúria de vulcão transforma rostos

 

em ruas voluptuosas avenidas de gemidos 

e olhares etéreos fitam carnes e dias. 

 

Lascívia ronda cabelos 

(brancas cãs do desejo) 

espírito convoca corpo

 

a concupiscência se resolve

unhas apontam infinitos róseos.

 

Sumos todos se revoltam 

afloram a poros mais íntimos 

flor da pele comemora

 

ressurreição do jardim do rosto 

renovação das rosas do olhar. 

 

Unguentos se apuram 

se afiam óleos e lumes 

vida comunga com abismo

 

de onde brota vermelho desejo 

alto, velho, primitivo.

 

Após  sessenta mulheres amam mais o mundo 

deliram mais que os homens 

sono resplandece cores do orgasmo

 

nada mais é pálido tudo 

parece viço vasta-se 

cio e a verdade da carne 

torna-se flor selvagem.

  

Volúpia se avoluma se refina o grito 

que pequena morte instaura 

vergasta pele e alma

  

Após sessenta anos mulheres tornam-se lobas 

éguas mágicas montanhas de uva

celeiros de sonhos frutas maduras para o amor

 

rebentos de desejo puro. 

(Á velha libido, que, se nos anos cinquenta, se descora, agora colore-se 

nas mulheres de sessenta

 

 rubedo do desejo 

 primitivo vermelho).

Murilo Gun

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