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Dom, Ago

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Só a imaginação (do leitor, em ato) permite a compreensão do poema (à revelia ou às expensas do poeta). Entendimento que em nada depende de poeta.

Via imagem mental é possível captar o significado do universo do poeta (em particular), vida que tremule na página, a profundidade do sentido, sua realidade vital, não fugaz aparência mutável ( ou ordinária, comum).

A experiência do poema cabe ao leitor. Ao poeta, criá-lo (ao poema), estendê-lo na lauda fria do papel.

Os pontos do tempo em que o verso se inscreva são reconhecidos e realizados pelo leitor à socapa do poeta.

A consciência do significado (dos seus matizes e ângulos mais inusitados) pertence ao leitor, de direito. O sentido da imaginação deve estar a agir no leitor e superar qualquer ou toda razão. O poeta tem uma alma viril da qual não comparte ninguém. Tipo couraça.

O leitor vê o poema via sua alma. Não através da do poeta (que é anárquica). A percepção poética implica criação, reprodução e captação ou desentranhamento da imagem que haja no poema. De sílaba a sílaba, o leitor conduz e projeta o eco da imagem agente (inconscientemente) no poema, para realizá-lo como receptor. A poesia absoluta excita ao assombro pela ininteligibilidade (tal que implica ficção ou ultraficção, em grau maior do que na prosa). O que gera diferença aguda entre a prosa e o poema. A pós-leitura de um poema absoluto impõe, determina, cria uma visão ampliada da vida, do mundo, do ser, da página. Desde que não seja poema vulgar, choroso, aristocrata ou pueril (tanto faz).

A leitura de poema absoluto ativa a imaginação em grau superior à do próprio poeta. Cabe a tal leitor extrair imagens da natureza e do intimo que tenha o poeta e que sem o saber pôs na página... e o leitor resgatará essa potência criativa (do id).

São imagens conectadas com a paixão da vida e do mundo. Ônticas e físicas. Com ideias elevadas (ou não) não se faz um poema absoluto.

Como questões relativas a: o rosto da terra é maior que o de Deus.

As causas da rosa. O peso do lírio.

Flor abandonada na veia do tempo.

Memória da cor. Delebilidade da palavra. Euforia das silabas. Exaustão das rimas (comerciais). Sal diário. Ração de luz e escuro. Etc.

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Murilo Gun

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