Entre galáxias e equimoses, entre
automóveis e gaivotas ardendo
entre lucros sólidos e tumultos imobiliários
entre estradas transverbais e libidinosas curvas
entre a gueixa e o rosário, entre
o túmulo e o afeto, entre
ambrosias e dinossauros, entre
a graça e os estradivários
está a flor que arrulha
e a rosa que muge, está o poema.
Do jarro ameno e hospitaleiro jaz
flor óssea, facial, despótica
entre sismógrafos e duodenos dividida
flor solitária, verbal, incisiva
de íris vorazes e pétalas sublimes, flor
sectária do odor, possessa de beleza exata
anônima e solar como abelha.
Colina do Magano, 31-10-2017