03
Dom, Ago

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“De vez em quando a insônia vibra

com nitidez de sinos”

e cristais recrutam a impossibilidade da linguagem

para fazer cirandas de andorinhas (e poesia)

na intranscendência da paisagem

com a desmesura impropriedade

dos mesmos cristais entranhados

no ventre de um vitral

 

a vida e sua lida elegante usurária

ou pedregosa e anônima faz

com que se rompa a harmonia

na terra dos homens (concessão de Deus

com data vencida talvez)

tudo o que extravase do poema

sela pasto de escombro

solo de ruína

esterco solene, oficina de verme bursátil

túmulo

 

(a aventura do homem prossegue

imprevisivelmente, dolorosa

sina inútil carrega

nos ombros que Deus sopesou de abandono

essa via de estreita saída

está a ser bloqueada, apta

para que se partam todas

as cordas tensas da harpa insuportável da vida

eis o que cabe ao homem

que cai do lado esquerdo

e esmaga o coração

eis a visão sublime (porque poética

veraz porque poética)

do poeta luso maior

Carlos de Oliveira

a quem dedico este poema.

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Murilo Gun

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