03
Dom, Ago

Uncategorised
Typography
  • Smaller Small Medium Big Bigger
  • Default Helvetica Segoe Georgia Times

Sobre alicerces de ossos ergueram-se

palácios eslavos, edifícios de dor

solúveis topázios extraíram do enxofre seiva de pedra

abismos humanos edificaram-se enquanto signos

do ocaso crucificaram a palavra

luar de cavalos e auges estrelados construíram

poemas indestrutíveis

poeta khlebinikovando sempre

por entre arbustos e desvelos celestes

esculpiram verbos formidáveis

até que sobre pátina dos retratos brotasse cinza

até que lumes agudos convalesçam do escuro das mãos

por entre seivas a geometrias poeta acalente lua

ou deixe seguir seu caminho féretro de cisnes

porque ou sou um rei ou sou um verme.

Pálidos mausoléus hão de triunfar.

Ou sou o veneno ou sou a cura. Nunca os dois.

Pela palavra voluntária, tundra cerrada

escapa o poema.

Todos livores sorvo no inverno da alma.

 

A escritura do poema, olaria de palavras

é um ato ou sopro de barro atado

a colmeias de metáforas

 

e o enxame final do verbo

toma a forma do mundo

cortiço de aleluia.

 

Fugitivo das injúrias solares

e dos pântanos da claridade prisioneiros

amantes são escuros, quase subterrâneos

embora iluminem-se eternamente livres.

 

E na comunhão da carne e do espírito

inventem o desejo como liga

o bálsamo como cimento

e a fuga para o êxtase.

{jcomments on}

Murilo Gun

Inscreva-se através do nosso serviço de assinatura de e-mail gratuito para receber notificações quando novas informações estiverem disponíveis.

REVISTAS E JORNAIS