Da queda ou da peida
do horizonte se faz o poema
da melancolia da lua também
e de algo de náusea ou réstia de luz
da curva da imagem profundo
do teto de silêncio dos pássaros
de narcisos despenados
e desnorteados Ulisses
se faz o poema página a página
do olhar infinitamente pedra
e de espelho cegos ou sepultos
como porto se faz o poema.
Da graça da morte
e de obscura esperança
sai o poema.
Se desses algo ou descesses
todos os sentidos, então...
a decomposição do gozo se cumpriria
até que esvanecesse toda a distância
e a drástica infinitudo se proclamasse
se não existisse no velho inferno
nenhuma estação, então
o que seria do poeta?
É a noite atravessada ou ferida
por velozes meditações?
E frases de lata aos montes
enchendo contêineres de poemas?
E o silício, a lonjura, o vanádio
a mostarda, o amianto, a ternura
as saliência do sal e noites de alumínio
os dias de náusea e anos de césio?
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