Das aljavas zens saem setas
armadas de lentos lilases.
Das ogivas vãs potes saltam
de cogumelos malsãos.
A realidade ultrapassa a aflição
como a arte de morrer supera a vida.
Donzelas apregoam o ápice do gozo
e seus hímens exibem como potentes heraldos.
Jorros de incêndio afugentaram o sono
da úmida íris dos aquedutos.
Orgasmos de tigres apunhalam
covis tristes.
Das pétalas dos diademas colhem-se
hirtas espadas apocalípticas.
Na ourivesaria dos anos cãs
são pérolas castradas.
Nas farmácias dos relâmpagos
comprimem-se visões, elaboram-se drágeas de pardais.
Lentos movem-se milênios
como areias do levante.
Nova Iorque, metrópole
de fibra ótica e vidro gótico.
A duração da ânsia
estrangula ervas.
Príapo insatisfeito tange donzelas para o meio-dia
mas prepara o leito da tarde para outras conjunções.
O crepúsculo ébrio de matizes lança
simetrias catedralescas na relva santa.
Devotos cones de incenso bradam
dos adros do pecado e enuvecem suas almas.
Cofres de flores arca de néctar
abelhas devassam sem pressa.
Se o vinho noturno acaba embriago-me de estrelas
ou bebo a lua de um trago.
Sou apenas sombra ébria
de tua nudez de relva.
Sob tabernáculo longo das estrelas
contemplo teu umbigo magnífico.
Cães raivosos encarcerados
nos selos do ultimato.
Hienas corteses
lambem convidados.
Chacais amam cadela
no intervalo das novelas.
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