Pois alma não pode faltar ao humano.
Perse revela-se e se esconde através
das declamações poéticas e situações
líricas que o estado da poesia lhe
conceda... e que o levou ao
Prêmio Nobel de literatura - pela
obra poética inconcebível posto que absoluta.
Exilou-se nas montanhas rochosas - o
novo Whitman francês - para
entre pedras e sonhos geológicos es-
camotear as chaves de prata de
seu reino poético absoluto.
Perse é impenetrável - em sua absoluta
poesia - por pudor, dispara o certeiro CIORAN.
E jamais propenso às abdicações da lucidez.
Rejeitando os precários compromissos
da limpidez e as armadilhas da trans-
parência poética, PERSE multiplica
as máscaras e lança seu múltiplo
rosto contra o mundo burguês
perplexo com sua poesia aberta e
hermética, como soi ser a melhor poesia.
CIORAN diz - são anotações do salão
de jogos do navio BLEU DE FRANCE
quando bêbado eu (VCA) atra-
vessa o Atlântico em 2013 - que
PERSE (sua poesia) se expandiu
para fora do imediato e de qualquer
finito possível, escapou para
fora desse torpe e burguesa
inteligibilidade forçada da poesia
dominante.
Na realidade diurna, o poema inteligível
direitinho, perfeito, medido, cuspido, quadrado,
portanto perfeito, é fruto de uma ideologia
que aponta e estabelece limites ao
poético... e condiciona à aceitação
dessa limitação o fazer e a autoria,
isto é, o título e a fama do POETA.
E Cioran completa... Perse é assim
tal poeta anômalo e imperfeito porque
se recusa a adotar o vago exato, a
flor presente em quaisquer buquês, o
fazimento obrigatório de prelúdios
poéticos à plena vacuidade...
para adotar o caminho inequívoco da
equivocidade absoluta de "perseguição do
ser"... "única maneira dele
escapar ao pavor da carência,
à percepção fulgurante do que
falta em qualquer coisa ou estado...
àquela flor ausente em todos e
quaisquer buquês".