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Dom, Jun

destaques
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À sombra de dezembros

quase não nasce ontem

a corda umbilical pendeu

de um penhasco seco

do preâmbulo de um infeliz ??? (prefácio)

escapuliu para centro anárquico do

triangulo da catábase.

 

O possesso escuro, à metade do vir

elevado vindo do agreste

do rosto divino

que proclama

"Os trinta mil ursos

reclamam do bosque

quem fincou-se

no disfarce para a morte".

 

O que traga a iluminação da loucura

o que traga as sílabas exatas

do delírio na alma, o de quem

grassa o entusiasmo originário

o de quem um deus multiplique o rosto

o que vai ao onde espírito

gera própria carne e triunfa

sobre dons mesmo os abomináveis

o a quem se dedicam todas

as tentações gnósticas

e anjos do pesadelo vigiam

o que projeta relâmpagos

sobre oráculos e cavalos

e domestica o sopro

como se cultivasse um bolo

próximo a quem naufragou

o masoquismo panteísta

e a partícula do ser não se devorou.

 

À plural unidade do verbo

ao encontro da palavra reencanto

à imago mundi dilacerada reconstruída

em sua múltipla unidade restaurada.

Quem rege o mistério, quem

se arvora em sal e sacerdote

que reúna finito e infinito

numa mesma e sensual moeda

que meio-dia receba

e dado do alto drapeja

que interrogue princípio, que

embarace limites e integre

começo e fim

num mesmo indício?

 

O crível incrível se instala

na palavra, o poema

da dor rebelada e apaziguada

lampeja, parteja o instante

em que o impossível anuncia

o acontecimento nato, a aurora

do impostergável

o impossível crível desata

e a aparição do fim começa.

 

O prodígio do ser

inressurrecto porque único

indelével, impartido, átomo

do que é e será.

 

O que pode ser o ser será

porque o não-ser é

tudo o que pode ser é

e será.

 

O poder do transgressivo entendimento

é absoluto.

 

A poesia incompreendida transforma

o ser incriado em forma.

 

E a bênção não resistirá

ao abuso, mas adiará o abismo.

 

E o humano

não será mais estranho.

Será mais humano.

Nunca demasiadamente desumano.

 

 

 

Murilo Gun

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