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Sáb, Jun

destaques
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 Não há o que dizer ou escutar 

Vagam pelo olhar

sombras honestas.

De súbitanau

vasto porto.

 

Águas desertas nascem

Morrem frutas sem viço.

 

Águas emaranhada

de limpeza extrema.

 

No meio da anonimato

 

No meio do anonimato, sou.

Um nome, três letras, outros poeta.

 

Nenhum lago é largo

se faltar o erre.

 

Pátina imaculada.

 

A frase emprenha, o poema nasce.

Sujo, talvez. Mas imprecisa.

 

A cada liame da voz

o selo da palavra.

 

Esmere o puro lavor: pare

 

Esmero e lume.

 

Para desconforto do leitor, escrevo.

Sombra.

 

Nada digo no poema sempre.

 

Em vão de vão em vão não vou.

Sou o verbo e seu barro.

Sujo.

 

Não procure em marços

os labirintos de abril

o mês do mais cruel poeta.

 

Todo labirinto tem teu êxtase. 

Nada há a lograr no poema.

 

O tudo a lograr? 

Noite ilustra sombras.

 

A palavra rosa dispensa o aroma. 

O aroma é fardo de perfume.

 

É como lavrar um rio no mar

aportar poema no cais da página.

Sem a âncora confortável do leitor.

 

À cena anal. 

O anel verbal.

 

A face visível lívida. 

Trapos de vela sobraram.

 

Cera de círios. Cera de ícaro.

 

Sede de Narciso.

 Ou aconchego que o frio nesse fornece.

 

Muito além do hermético

vá leitor sem amparo.

 

O município é a única verdade.

A poesia é um município.

De palavras.

A desfaçatez poética suprema

À vital corrosão do rato do verbo.

Murilo Gun

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