Todo poema lança na lauda
flores amortalhadas
além das rosas de círio da alma.
Todo poema lança na lauda
flores amortalhadas
além das rosas de círio da alma.
Os lábios espessos do outono
perdem o viço
acrisolam o corpo
Enxames de sal
dos olhos coagulados
em revoada
Pulo e aligeiro a dor
com estames feridos
e lembranças de sangue opacas
percorro a linhagem da baunilha
Esta posta a noite
sobre florão dos edifícios
pássaro do verbo pousado
Mãos sepultas como portos
entre mares de porcas pérolas
ânsias afagando-se
Ângulos noturnos escavo
do barro dos fragmentos
com esquadros de tempestades
Amontoado coração brilha
como palavras acantonadas
no íntimo devasso da amada
a Alberto da Cunha Melo
Brotam gritos da boca
da garganta abrem-se sílabas
símbolos exumam o coração
Observo o torso das minúcias
seus ângulos mais obtusos e escorreitos
as anáguas de seus dados mínimos