DO ACASO DE UM SINTAGMA À NECESSIDADE DO POEMA ABSOLUTO
O QUE ESTÁS LENDO COMO LÊS QUANDO
Um livro chamado de poesia não é um livro (a não ser que não seja de poesia, embora colete poemas).
ID (DAS ES)
Em Alemão, id é “das es” que significa isso ou aquilo.
A BEIRA DA LOUCURA
A beira da loucura
é áspera, úmida, portentosa.
Toda loucura é poética.
MÚSICA SELVAGEM
Baías se afogam no próprio estranho nitrato
musgo se engasgam com feldspatos
bombas bebem sais abstratos
A ARROGÂNCIA DA ORAÇÃO
E.M. Cioran
Quando se chega ao limite do monólogo, aos confins da solidão, inventa-se — na falta de outro interlocutor — Deus, pretexto supremo de diálogo.
POETA (ABSOLUTO OU NÃO)
Poeta não é uma blasfêmia
nem um cordeiro.
Poeta é imóvel como tigre que dorme.
DO QUE VIRÁ
Do coração agreste das estrelas vem cor cósmica
eco cristalino da luz se esgueira
vem a sílaba da última ladainha
POEMA EM TORNO DA CELERADA INFÂNICA
(Primeiro dos onze capítulos)
Turbas urbanas abandono.
Em busca das agrárias nascentes
PAPEL DO LEITOR DA POESIA ABSOLUTA
Só a imaginação (do leitor, em ato) permite a compreensão do poema (à revelia ou às expensas do poeta). Entendimento que em nada depende de poeta.