Preciso (é) demolir
toda decoração
com que o sentimentalismo infame
(dolicocéfalo de cor elitista)
Implacável e metálico do cotidiano
(tropical) sobrecarregou
as artes líricas e mecânicas (capitalistas).
E descorou, comprometeu, mascarou
artificializou, desdorou, falsificou a poesia
poesia que vige hoje descontemporaneizada
pesadelos ao invés de sonho cru
sarjetas românticas idolatrando
vivendo (mal) do pugilo parnasiano
com armas do passado duelando com o tempo andando.
Impregnações de banalidades miúdas
enevoando possibilidades reais
moendas de moedas falsas vívidas
moídos corações desfraldando
bandeiras de um ego enlouquecido
opressas venturas de gerações goradas
oferecidas como felicitações fúnebres
o significado da vida eleito como piloto
o significante apenas veículo
dessa aventura para o abismo áulico.
Abortada sob cálamo
de crisóis de mercúrio
e carbonos assassinos
eis a lápide da arte.