Tudo dependia de um fio expressivo
de uma catilinária precisa e indolor
ou mero assédio de horror... para
que tudo se desviasse do texto de mim e
de um átimo se desprendesse o tempo
inaproveitado por ti, escrita surda com um
cego ângulo a narrar do fim no fio assim laminarmente
da espessura de um instante perturbado
por uma insanidade ciente e dedicada e delicada
a seu sinuoso distúrbio que ensarilha o espírito
de modo a verter em cada obelisco de pombo
a quantidade enfim... e entediar o não branco
como se a lousa não importasse
com a vida que pulula no escombro então
de um espelho maculado brotasse
enxames de ovelhas degoladas a verter
sangue de cordeiro sacrificado ao tempo
esse irrazoável senhor do espaço limitado
para que firme e indevassável mas deformável
momento que se perpetuasse sem limites ou sítios de tempo
como são os instantes que os átimos realizam
em seu potencial de trânsito impecável.
Atro espectro de si a ser se saiu
do cofre da morte como poema último
para se ter subtraído do espasmo primeiro da
mônada que criou a ameba e o intervalo do cerne
que deforma a agrega contornos
brancos ao susto de ser e ver o surto
da vida viver como se obstruísse o sim
de modo a prever a cisma do início
ou o cismo que faz brilhar a vida no fim
com o respaldo do Senhor ou o rescaldo
do apocalipse da carne. Então...
fiel fiei teia de aço irrevogável e cívico
em tear de tempo oblongo como que
confiando na injustiça provisória
(de Anaximandro) ou na ânsia de ser único e no
instinto republicano sobrevivente mas possível
de extinguir-se como dinossauro ou ideal
que se impusesse ao sereno da morte
mas o brilho do estribilho me cegou
o ser e nunca mais amainou
e a sina perdeu-se no vórtice sinuoso
amarelo do boi de carga esfacelada cujas órbitas
ósseas cercas do sertão aprimoraram tornando-se
símbolo do flagelo da espoliação firme do bucólico campônio
embora símbolo dubitável e insidiosa farsa capaz sim
de render bandeiras covardes ou azuis
como ovos de treva (de galinhas simpáticas mortas)
à expensa do ser... assim mereci
ser louvado no paço e velado
como conde decapitado três vezes
ou rei destronado insone e insano
que me flagra a escritura
perversa prorrompendo peremptoriamente
sóbrio lamento num caso ablativo sujeito
a cometer ordenações cruas
mas incisivas ou punições masoquistas
incompletas destinadas ao pleno e turvo
embelezamento da alma ou concebíveis
extrações a cru dos incensos do espírito
de forma a pôr em relevo desleal
as visões não preclaras mais inúteis a
relevar velos e alvéolos, lumes e seivas
além de ocasos secretos mas sinceros
do âmbito malsinado do verbo
rebelado e da palavra enlouquecida
a partir de aspectos fungíveis ou de
espectros incômodos de modo a empreender
quebrações sutis ou não sobre o edifício
de cacos de vitrais vermelhos como salmos
ou lavouras góticas de sementes oblongas
tudo sob belvedere verde de féretros
em desfiles cercados de consolos enfileirados
por grandes palavras inconsoladoras prenhes de atra sinceridade
no instinto do ato cru de inumar o homem
expondo o cadáver humano a novos e discutíveis
vermes cujas ansiosas mandíbulas macias urgiam em riste.
Inúmera visão assoma à pena:
como aperfeiçoar açougue para
beneficiar cortumes cientes de que
a consciência é fungível como couraça de aço, porém
ciente de que o quando não demora
de que o onde não se sabe onde se encontra
de que o enquanto é ainda portanto
e que nada suporta verdades domésticas
prováveis embora geradas
das circunstâncias esquizofrênicas do eu... esse idiota.
Dizem que esse texto foi encontrado numa mesa do passado.
Insuportáveis mas igualmente insanos são
os dissídios filosóficos amarelos amargos
ou questões inadiáveis como alimentar
bodes expiatórios com gorduras rituais, divos lipídios
rações sacrificiais exatas ou poções de vastas mandingas
como afiar cutelos para sacrifícios dos
últimos cordeiros e prodigalizar bem
a indústria de decepar sem piedade carne e alma
além de reverberar a maldade ínsita
sobre coisas incólumes, missas brancas ou meio polutas
e desprezos brilhantes com empenho
indubitável ou seguir ao pé do espírito
o programa da destruição do si assim
transpondo intranscendentes ilimites
ferozes e fronteiras impúberes sobretudo
de modo a preservar ossadas de dilúvios
secos e áridas torrentes de sumos
pacíficos triturados como pães ázimos
tudo sob manto do bem em fuga do âmbito
da luta para desconstruir o impávido
vício de ser iníquo sempre
a desabominar certezas infantis
ou a desabonar as veias sérias da vida.
Fala de malestares crescendo
como inflamação do espírito
a acirrar momentos de perturbação
da alma inglória, o corrupto despeito
de Deus no íntimo do tíbio ânimo do homem
apenas habitat para trilhões de micróbios do bem
(probióticos que conformam a biota da vida)
homem firme como pântano a indicar
estado lúgubre e pasmo do lodo
embebendo estrelas virulentas e rápidas
como sequelas de tormento...
ou relâmpagos cegos tateando matilhas
de brilhos desnudos ou fornalhas de sal
abrigando partitura cálidas embora mudas
ou ocos dissimulando brechas de som
parecendo córrego sonolentos agudizados por mantos de cimento.
Ao transcurso ou perda de mim entre meses indomáveis ou
messes sem data lembro o lar em construção e o vago vezo
imperdível de manteiga transcendente
iluminando pão francês quente e belo
e ele debruçando o maxilar
e a língua em êxtase sobre Um estudo
em vermelho (Conan D.) sob louvor da alvenaria
momentos virtuosos e alimentícios em que
êxtase se perpetuava e catarse
penetrava a alma como trave de carne configurando o futuro
em que livros publicados sobrepunham-se
a bíblias de incautos quando o vigor da aura
projetava a perfeição e o dolo
e movia o oceano de si contra o rio morto de outubro
ou do outro que o inferno nos legou.
No fim do capítulo, a volúpia falou
defeitos sucumbiram como surpresas
fervilhou o texto como abelha
o verão da dor foi-se com a morte do outro
e a paternidade inferno tornou-se duvidosa...
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