Palavras foram feitas para ocultarem
não para revelarem um pouco o nu das coisas.
Do inferno correm rios sólidos
pelo sangue culpado enraivecidos
eclesiásticos cavalos lá pulalam
cujos freios são as mitras da loucura
e os arreios cajados acadêmicos.
Tramitam piras, orgasmos ungem
legendas inglórias (e gozos falsos).
Canoros escuros são liras de catracas
escombros de crateras são músicas atras
e dos triunfos podres saltam partituras puras
(como raios dos relâmpagos vazios
da sombra de Caronte).
Do inferno céu é dura ilusão de súcubo
dádiva do esquecimento, incunábulo pútrido
centelha sem futuro pira apodrecida, nada.
Boia côncava.
{jcomments on}