Morte tropical é árida
Mas não brota do coração dos cardos.
Emerge das conchas, coivaras, espelhos
vem das fontes noturnas do inóspito
galga penínsulas da alma
lumes do tempo atravessa.
Veste cambraia de sombra.
cai sobre rosto dos homens.
Noite tropical é nua, cambriana, sedenta
dorme nas redes, assola alpendres, rir sem dentes e
intumesce velórios. Orgasmos do escuro multiplica.
Parceira do clima, adepta da seca, é vasta redonda.
Morte tropical é profunda e atenta profeta
árido seu esgar ósseo. Podrido seu fêmur equatorial.
Intestina e dolorosa divide com aurora
lábios da claridade noite tropical.
Tem omoplatas oblongos e dorso ágil (de negra pantera)
recebe em sua pátria escura – comarca de Caronte, párias
e cidadãos cansados das inequidades do já esperado
com têmpera inteira e cerviz em riste ainda.
A noite do trópico é curva e amável.
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