A duração da ânsia estrangula ervas.
Todo interior é puro como cobras.
A eternidade é uma mulher infinita
(lenta, vasta, ávida, devassa elementar)
que copula com o infinito macho.
Dos jaezes suor brilha
das crinas apura-se rigor de safiras.
E o arrulhar dos matizes ouve-se bem.
Fulgor atraiçoa prata
e a crepúsculo humilha.
Das encruzilhadas azuis últimos
cadáveres tremulam.
Córregos de sangue
bárbaros dessedentam.
Das aljavas zens saem setas
de lentos lilases ataviadas.
De vãs ogivas erguem-se
potes tristes de cogumelos.
NY, metrópole gótica
de fibra ótica
cidade metálica, hipnótica
vasta mãe amniótica, maçã devassa.
Lixo ama desperdício.
Pressa, precipício.
Dádivas e pústulas soerguem-se
contra adventos famintos.
Hecatombes de cruzes atraiçoam
centenários dorsos de boi.
Brilhos púberes são sangues
das estrelas adolescentes.
Realidade ultrapassa a ficção
como arte de morrer supera a vida.
Nihil ut ominia.
O mundo é nada.
Da matéria do absoluto molda-se o fim.
Trágico.
Lampejos de frios, raivas geladas
sons de estanhos, punhos de seda.
Covis de esmaltes, brilhos
estrangulando sombras.
Alquímicos cânticos desatam
sais de ressurreição.
Acordam coivaras azuis e castas.
Nos cafés metafóricos
moças púberes a cosméticos decifram
e a hieróglifos de arroz sobre alquímicos nubentes.
Brilhos cúbicos habitam
coração de geômetras.
Sutura da alma faz-se
com pinça de relâmpagos.
Poesia, carne expressa
ser de palavra cilada.
O que supura late de vida.
Lenta avança a vindima.
Céu é cinza.
Plúmbea a vida.
Gandulas negros lavam
cadáveres de tigres dos monastérios.
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