03
Dom, Ago

Poemas
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Inscrições se precipitam

do rosto das runas hínicas.

 

 

Venho de outros tempos do verbo

para a pátina do presente insubmisso.

 

Meço volumes de ser (batizo o ir)

e ângulos de sede. Com varas de água bruta.

 

Faço pássaros

de voo indecifrável.

 

Caixas de música infinita

doo ao tímpano de ovelhas bíblicas.

 

Conjugo o verbo futuro

em busca da palavra por vir.

 

O infinito estar vazio

é próprio de mim.

 

E assim fecho esse sonho de soneto.

 

Todos os pactos do ocaso cumpro

detidamente.

 

Códigos fervilhando menoscabo.

 

Os intestinos do labirinto penetro

e seus lábios murados

 

seus dentes de sombra adentro

impune.

 

Dos estribos cerâmicos dos búzios extraio

conchas de canções esqueléticas, cerâmicos sons

combustíveis profundos, partituras de sal

sangue de eras perdidas, grafites ecumênicos

e dias incendiados de sombras ácidas.

 

Na treva crua, na terra infiel

cravo meu nome (cavo, sua cova ébria abro)

 

do hálito repulsivo e distante das estrelas

me alimento (o poema).

O verbo desaparecer é humano.

Como sombra sonâmbula

corre em nossas veias, corroe

nossos espíritos ainda com carne.

 

Como nau milenar

o verbo desaparecer

singra nossas veias (e sangra-as tão sagradas)

sem parar até

que êxtase morra

definhe desejo de viver

e tudo se entregue ao escuro

de onde viemos à luz

flácida e provisória da vida

 

bruxelas sem confiança

amsterdãs devolutos.

 

Como velhas paredes

lugar de todos os geométricos carvões

dos muros brancos da vida

o grafite hínico escrito:

 

ser vais desaparecer

feito de carne sem perdão.

 

Todos os veios dos ossos ácidos.

Todos os voos do eco

secreto

dos egos coevos voos

das folhas do silêncio

cúmplice

de sombras que gritam

de árvores solares clorofilando

o discurso lento da tarde

que ensilha o sol e o leva

ao ocidente (poço de luz).

 

Nos espelhos dos arquivos dos

lascivos céus guardo partituras

dos coros de anjo antigos poucos, não rijos).

 

Cujas vozes submersas

nos aquários de Deus tinem

nos ouvidos bem aventurados

nas ouças dos escolhidos retinem

como esporas nos estribos

(ou ecos ocos dos ossos do céu).

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Murilo Gun

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