Inscrições se precipitam
do rosto das runas hínicas.
Venho de outros tempos do verbo
para a pátina do presente insubmisso.
Meço volumes de ser (batizo o ir)
e ângulos de sede. Com varas de água bruta.
Faço pássaros
de voo indecifrável.
Caixas de música infinita
doo ao tímpano de ovelhas bíblicas.
Conjugo o verbo futuro
em busca da palavra por vir.
O infinito estar vazio
é próprio de mim.
E assim fecho esse sonho de soneto.
Todos os pactos do ocaso cumpro
detidamente.
Códigos fervilhando menoscabo.
Os intestinos do labirinto penetro
e seus lábios murados
seus dentes de sombra adentro
impune.
Dos estribos cerâmicos dos búzios extraio
conchas de canções esqueléticas, cerâmicos sons
combustíveis profundos, partituras de sal
sangue de eras perdidas, grafites ecumênicos
e dias incendiados de sombras ácidas.
Na treva crua, na terra infiel
cravo meu nome (cavo, sua cova ébria abro)
do hálito repulsivo e distante das estrelas
me alimento (o poema).
O verbo desaparecer é humano.
Como sombra sonâmbula
corre em nossas veias, corroe
nossos espíritos ainda com carne.
Como nau milenar
o verbo desaparecer
singra nossas veias (e sangra-as tão sagradas)
sem parar até
que êxtase morra
definhe desejo de viver
e tudo se entregue ao escuro
de onde viemos à luz
flácida e provisória da vida
bruxelas sem confiança
amsterdãs devolutos.
Como velhas paredes
lugar de todos os geométricos carvões
dos muros brancos da vida
o grafite hínico escrito:
ser vais desaparecer
feito de carne sem perdão.
Todos os veios dos ossos ácidos.
Todos os voos do eco
secreto
dos egos coevos voos
das folhas do silêncio
cúmplice
de sombras que gritam
de árvores solares clorofilando
o discurso lento da tarde
que ensilha o sol e o leva
ao ocidente (poço de luz).
Nos espelhos dos arquivos dos
lascivos céus guardo partituras
dos coros de anjo antigos poucos, não rijos).
Cujas vozes submersas
nos aquários de Deus tinem
nos ouvidos bem aventurados
nas ouças dos escolhidos retinem
como esporas nos estribos
(ou ecos ocos dos ossos do céu).
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