03
Dom, Ago

Poemas
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Sonhei ontem a mulher nua coberta de

verduras, entre os seios maçãs e na grande

cona tâmaras eretas e querubins.

O corpo da mulher

 

uma mesa, altar de devotas frutas.

Mênstruo representa aurora e pomares seus primeiros encarnados passos

pássaros duplos os seios... e minha fome o êxtase.

O corpo escritura ou canção.

Partitura fêmea, a poesia, que é mulher, torso

demônio urdiu de um só osso de Adão.

Corpo macho (idoso, obeso, rachado de feiura)

é obra de Deus! (Certamente)

 

II

 

Cada osso ou minúcia do crepúsculo utiliza

o amanhecer, com intensidade de relâmpago.

 

E que o sentido do corpo? Nenhuma só a alma

sente. Corpo se entrega, se doa à unção

do prazer. Fonte de volúpia. Assim, é insensato o ser.

Tudo é poente. Quando? O corpo foi só alma.

Sobre o esqueleto do século ergo meu cajado

intemporal e a foice que cerce o resto da carne.

III

Do jogo de sedução e repulsão ou desprezo

gera-se o desânimo e a revolta.

Tudo o que seja pudibundo sempre me será

estranho. Tudo o que oficie ao sexo (seguro ou

não, pois não se trata de seguridade, social ou não),

me é natural, agrada sobremaneira.

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Murilo Gun

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