Com duas andorinhas criar
só um verão (o mais longo)
no pátio onde outono pousar
para ver cor do corpo
ninho dos cabelos
certeza da veia
estampada no olhar da leitora (cosmético)
após breve e canino verão da vida
descambar para outono sem dentes.
Justiça vale uma moeda
misericórdia duas
(nenhuma vale o coração).
E as letras da lápide
(escandalosas ou cruéis, escandidas)
não têm preço
(ninguém as paga, logo apaga).
Nada é sempre.
Nasce e morre o ímpeto.
Brilho naufraga.
Sono recua, a alma
definha como prata.