À ineptude da palavra poética ergo brado
trânsfugo grito côncavo brando
poluído trago, traço iníquo, canto, lanço
pontes extremas pelo rio lasso
da madrugada sob
lua congelada
diáfana volúpia rego com árduo metro de lágrima.
A incompletude da linguagem do poeta é clara.
Meridiana a significação baixa
(pela vontade domesticada
pela consciência, essa imperiosa operária
ourives da palavra, buril do verbo criador).
À perda de substância e forma da palavra
(sua desvitalização ordinária)
a um mundo vezeiro e useiro da usura como arma
brindo com cálice escuro, cega suja taça
aos aceiros do lixo a gusa dos diademas
à ordem das coisas díspares, fractas
venenos fiéis à veia urdo
aos frenesis da cura me ofereço súcubo.
(A miseráveis pedófilos (párocos sem destino)
vermes vivos, excrementos humanos
corja de doentes, enfermos da vida
bando de pústulas, saco de vômito canto).