A sombra do cântaro, o rastro
do touro na tarde do corpo
o torso do ouro, a carne e o corno
do Minotauro e seu falo inqualificável
sua taurina lascívia, animal desejo
pelas mulheres de Atenas, virgens que ele bebia
Cinzas aladas, rútilos êxtases da náusea
algemas sonâmbulas, caixas de licores noturnos
Erres e esses, sonolentas sílabas
hiatos convexos, sons de asperezas sem raízes.
Moluscos da noite, miragens
Iluminando os abismos do rosto
Na fronte o ouro (diadema selvagem)
tem forma de cântaro e sombra
Do cântaro de sombras
bebo auroras, aromas
Em Antares vejo
odres de claridade singrando
enchendo de cântaros a sombra.