O inferno infrutífero
(refratário ao paraíso)
coração
pasto de gazelas amorosas
hóspede do tempo somos (poeta e leitoras)
a essências venenosas ou amáveis vamos
por veias auditivas voos de andorinhas
duvidosas
indo cego sinto grito
eco nos olhos, lagos mortos
em todos muros corações escritos
em todos céus ou praças escrevi
teu nome Eluard
sêmen de luz, sol enlueceu e da cópula do sal
com a sede brotou veio (e poesia veio)
sol cobriu lua da noite seguinte
(ela estaria no alpendre, janela em riste).
O Poeta deve tornar-se
cada vez mais abrangente (genérico mas insubstituível)
mais alusivo, mais indireto
para forjar, para deslocar se necessário
a linguagem e fazê-la significar menos
(e ser mais) o que ele
poeta ou poema
quis
dizer indizivelmente
claro e lícito.