Garimpo o sal, a carne
no veio da terra, o barro
ébrio e a plástica do sopro
na descida ao céu ato-me
ao demônio do amor (indômito)
o deus da luxúria me leva
conduz-me a irmã volúpia
aos recintos de mais brilho da alma
todas as noites insensatas
em teu casto corpo reúnem-se
iluminado de lúbrica rebeldia
de extática revolta atravessado
irei ao confim do amanhã
te libertar da mácula passada
aluminar-te da luz do sêmen
e teu seio selvagem darei a pássaro
que vir a voar no corpo
em holocausto ao prazer
em regojizo do porvir
(para que voltes a minar-me
a cada dia sempre a garimpar-me inteiro
a multiplicar o êxtase
e a dor de ser)
irei ao confim das manhãs
te libertarei da mancha escura.