Aos êmulos púlpitos ébrios de vozes
do rebanho de apóstrofes saciado
órfãos das perorações trepidantes
de cônegos dolicocéfalos
e da prática espúria de pastores metálicos devotos
aos apostos e aos assomos
de que treme o madeirame
às metáforas das intempéries
que trovejam do âmbito do verão da boca das igrejas
aos símiles lançados como flechas verbais incendiárias
das venenosas aljavas dos mais crus pregadores
aos dardos potentes dos epítetos
das sílabas e peixes extraídos sincopadas
da garganta do Escamandro fisgados
às iradas perorações lançadas às almas
por párocos coléricos possuídos de Deus
(dos exércitos e das latrinas mercenárias do demo
aquinhoados com o selo da obra).
à caixa de astúcias de Ulisses
de sigilos eloqüentes e logros indecentes
à aberta boceta de Pandora
e à esperança que ainda não deixou o mundo.